A falta de bom senso de Jesus por Carlos Ferro
em Diário de Notícias de 16 de Novembro de 2010
Jorge Jesus decidiu “passar ao ataque” no final do jogo do Benfica com a Naval. Sustentado por uma vitória tranquila (4-0), o técnico campeão nacional lembrou que tem convicções e ideias futebolísticas de que não abdica. Confessou ainda que os jogadores entraram em campo “desconfiados” do que lhes reservavam os adeptos na primeira vez que entravam na Luz após a derrota com o FC Porto, no Estádio do Dragão (5-0), na semana anterior.Por fim tentou, com um sentido de oportunidade extraordinário, diminuir a noite de Nuno Gomes, o capitão benfiquista que esteve quase três meses sem ser chamado a jogos da Liga – a primeira vez que tinha sido utilizado foi a 21 de Agosto – e que em três minutos no relvado marcou um golo, que valeu o segundo lugar na classificação.Disse então Jesus que o Benfica tem “seis avançados com características diferentes e eu é que trabalho com eles todos os dias, só eu sei o que é melhor para a equipa. Tenho optado por outro porque acho que esses são os melhores”. O raciocínio parece correcto, o momento para o mostrar é que acaba por ser errado, até porque, talvez insatisfeito com as frases anteriores, ainda acrescentou que Cardozo está praticamente recuperado da lesão, logo disponível.Um treinador deve defender a sua estratégia, mas também tem de ter a capacidade para perceber que um plantel gere-se com o aproveitamento da qualidade dos atletas. Por isso, dar a entender que tem futebolistas melhores que o capitão da equipa e que até já tem lugar reservado para um que está lesionado não é a melhor maneira de aplaudir o esforço de Nuno Gomes que muito tem dado ao clube.Por outro lado dizer que tem “convicções e ideias” que não mudam não é uma boa ideia. É que ouvir essa certeza do treinador que tacticamente foi “humilhado” no Dragão é perceber que esse responsável talvez não tenha aprendido nada com o erro. E isso devia preocupar os adeptos.
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