Se tivesse ficado no Sporting, muito provavelmente Silvestre Varela seria segundo suplente. Ou terceiro. Hoje é titular do FC Porto. Veremos, dentro de meses, se continuará a sê-lo e deixemos para outra altura a reflexão sobre a passagem de júnior a sénior, problemática que raramente atingiu o FC Porto. (Raramente ou nunca?)
Falemos por hoje de Nuno Gomes. Saiu novinho do Boavista, afirmou-se no Benfica, teve uma aventura italiana mas não resistiu ao canto da sereia de Vale e Azevedo. Depois ficou no Benfica. Como se nunca de lá tivesse saído. Continuou a jogar, a marcar, a falhar e – atente-se bem – a fazer os outros jogar.
Atravessou o deserto, participou activamente no título de 2005, chegou a capitão. Mas ficou sempre no Benfica. E é tratado como normalmente os adeptos tratam estes jogadores: sentem-se tão à vontade com a presença e a dedicação deles, é uma relação tão cheia de certezas, que os transformam facilmente nos primeiros alvos sempre que os fígados se revoltam com um mau resultado ou um golo falhado. Para depois, num qualquer jogo a seguir, o Nuno marcar um golo e cada adepto jurar ao da cadeira ao lado que nunca o colocou em causa, e o amigo sabe bem, que fica sempre aqui à minha beira nos jogos e pode confirmar que eu não embarco nessas coisas dos assobios sempre que qualquer coisita corre mal. “Meu rico Nuno Gomes”.
O mesmo “rico Nuno Gomes” que apurou Portugal para meias-finais de Europeus e fez pela selecção o que poucos terão feito se nos deitarmos a contas de dividir entre minutos jogados, golos marcados e assistências para colegas brilharem.
O campeonato vai no início e é muito cedo para se ter ideias consistentes – quanto mais conclusões – sobre os três candidatos ao título, o que valem hoje e o que podem valer no futuro. Mas como o futebol e a vida, no fundo, são momentos, apetece-me deixar dois factos registados: Nuno Gomes entrou no Benfica-Marítimo, havia 0-1 e o Benfica empatou; Nuno Gomes entrou no Guimarães-Benfica, havia 0-0 e o Benfica ganhou.